Queijo e Cerveja: Os artesanais estão com tudo

Aproveitando o levante queijeiro artesanal que trilha o mesmo caminho da dita revolução cervejeira no Brasil, nada melhor que juntar esses dois monstros da gastronomia brasileira, queijo e cerveja, pra celebrar a vida, certo?

Então vamos lá.

Harmonizando queijo e cerveja

Você não precisa entender muito de um ou de outro, basta pensar um pouco sobre as características sensoriais de cada um, e fazer aquela deliciosa brincadeira de combinações. Trunfo!

Qualquer página de gastronomia ou blog cervejeiro que toque nesse assunto vai te dar uma ideia geral de como proceder pra não errar.

Não vamos fugir muito à regra, mas ressalto aqui que você tem todo o direito de errar uma combinação.

O pior que pode acontecer é você tomar uma bela cerveja, comer um excelente queijo, simplesmente não combinando os dois juntos.

Pra harmonizar uma bebida com um alimento, não pense apenas no sabor.

Nós comemos com olhos, nariz e boca. Cores, aromas, textura e, obviamente, sabor, devem ser levados em conta.

A textura frisante ou aveludada de uma cerveja pode combinar mais ou menos com a cremosidade ou aspereza de um queijo.

O aroma defumado ou cítrico da breja pode ficar sensacional (ou não) com o amargor ou a acidez do queijo.

Algumas características sensoriais

Brincar é bom demais, e você vai descobrir o que te agrada. É assim.

Por alto, nos queijos você pode chegar a sentir aromas e sabores de castanhas, cogumelos, legumes, flores, frutas, acidez, dulçor, amargor, além do salgado (não entremos no assunto umami pra não complicar muito), lácteo, cereal, capim, picante, etc.

Na cerveja você pode encontrar praticamente os mesmos aromas e sabores, de formas diferentes, e nela eu incluo menção especial para a presença de maltes que trazem lembrança de café, cacau, chocolate, caramelo…

No quesito textura você terá cervejas mais frisantes, mais carbonatadas ou menos, mais aveludadas, licorosas, com corpo de baixo a alto.

Nos queijos, o queijo pode ser duro, mole, semiduro, granuloso, cremoso, seco, úmido, com presença de cristais, áspero, com casca dura, fina, curado ou fresco, presença de mofo…

Na cor, a cerveja vai de um amarelo pálido a um quase negro profundo de uma Russian Imperial Stout, por exemplo.

Já o queijo, me atrevo a dizer que vai de um branco leitoso a um castanho, marrom médio (salvo cascas e ingredientes adicionais como o Cacauzinho envolto em cinzas, por exemplo, produzido pela Capril do Bosque em Joanópolis, SP.

Enfim, dois alimentos tão complexos podem gerar combinações extremamente intensas, complexas e agradáveis, basta se atrever, procurar e testar.

Como começar?

Vamos às pautas que já existem pra que você se balize por elas e não comece no escuro, sem saber pra onde ir?

  1. Cervejas leves, delicadas com queijos mais suaves (a American Light Lager de toda a vida com um queijo minas padrão, que você encontra em qualquer supermercado; uma Witbier com uma burrata fresca e raspas de limão siciliano _ morri!; uma verdadeira Pilsner com mussarela de búfala, talvez);
  2. Cervejas mais maltadas com queijos mais curados, com notas amendoadas ou adocicadas (uma Vienna Lager com um queijo Canastra curado, com acidez notável, por exemplo, ou com um queijo de cabra curado);
  3. Cervejas mais amargas com queijos mais salgados, gordurosos (American IPA ou Imperial IPA com um queijo Tulha, por exemplo, produzido na Fazenda Atalaia, SP);
  4. Cervejas escuras, maltes torrados e/ou residual adocicado, com queijos de mofo azul (Porter, Russian Imperial Stout, Eisbock, Doppelbock…);
  5. Cervejas defumadas com queijos defumados (aqui a regra é clara, fumacinha pra todo mundo! Rauschbier com provolone, por exemplo).

Aqui cabe uma observação:

Os queijos, assim como as cervejas, não devem estar gelados para apreciação. O queijo deve ser retirado da geladeira com até duas horas de antecedência. Assim ele ganha em textura, aroma e sabor.

Quando muito frios perdem muito suas características sensoriais.

Queijo e cerveja, vamos harmonizar?

Tudo o que foi dito aqui é apenas uma pauta, uma “regra” que pode ser contestada, uma orientação pra que você se atreva com os primeiros passos.

Você pode se surpreender positivamente de inúmeras formas, e pode não gostar de várias outras.

Agora é contigo. O happy-hour é uma oportunidade!

Boa sorte e saúde!

Deixe um comentário